segunda-feira, 30 de julho de 2007

Sergipana de araque




SERGIPANA DE ARAQUE
Cheguei em 78. Num movimento revesso daquele que durante anos tinha levado os nordestinos embora. Buscávamos oportunidades! As mesmas que levaram os “conterrâneos” para o sudeste nas décadas de 40, 50, 60,70...
Tinha 6 anos e fui morar no paraíso: rua de terra, pouco movimento, uma praça em frente de casa e vizinhos, muitos, todos meninos, em casa somos 3 meninas e muitas primas.
Pela primeira vez brinquei na rua: de polícia e ladrão, rouba bandeira, tirei as rodinhas da bicicleta, briguei, peguei bicheira no joelho. Fui criança!
Lembro da cidade antes da ponte da coroa-do-meio, de lá pescar siri, encontrar cavalo-marinho nas piscinas naturais que ali se formavam. Freqüentei a praia dos artistas, os primeiros anos de Aruana, acampei e cortei o pé várias vezes na velha embarcação naufragada na praia do camping, atravessei de pototó para a Atalaia Nova e me banhei no rio Sergipe, na costa só os surfistas.
Fui me tornando nordestina: aprendi a dançar forró, apreciar comida com leite de coco, a cantar meu sotaque, comer farinha e cuscuz e aumentar minha hospitalidade.
Amadureci e deixei lá minhas melhores lembranças: meu primeiro beijo, o primeiro sexo, meus melhores amigos, a militância, os anos de colégio e faculdade, o gosto pela literatura que fale do nordeste: José Lins do Rego, Jorge Amado, Graciliano Ramos. Na música, o Brega.
Fui “a paulista” durante 18 anos e hoje sou há 11, “a sergipana”. Sergipe se tornou a “terrinha” lugar das lembranças e dos meses despreocupados de férias.
São Paulo, 08.12.2006.

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