domingo, 29 de janeiro de 2012

Capitães de Areia

Acabei de assistir capitães de areia. Gostei. Filme Simples, ágil e inteligente. Ontem acabei de ler Hemingway, O sol também se Levanta. Quase 2 meses lendo. Bom, mas não me inspirou a ler mais nada de sua autoria. Faltou alguma coisa, acho que faltou o que sobra em Jorge Amado: boa história bem contada. É certo que a história de Hemingway é simples, honesta, mas principalmente é fútil, não acrescenta nada. Acho que o melhor da geração de 20 foi à própria geração. Já tinha lido Scott Fitzgerald e também passou batido, mal consigo lembrar o nome do livro. Acho que só não vai ser assim com Hemingway porque fiquei decepcionada, esperava mais.
Voltemos a Jorge. Simples, honesto e inteligente. Imaginar Pedro Bala, Gabriela, Vadinho é coisa para poucos. Trazer para as páginas da ficção tipos verdadeiros é impressionante. Conhecemos Vadinho, D. Flor, Gabriela, Pedro Bala, Dora e tantos outros. Eles estão por aí nas esquinas, são nossos vizinhos, amigos, cruzamos diariamente com as invenções amadianas. Elas nos habitam. Somos matrix da imaginação de Jorge Amado.
Acabei de assistir ao filme e fui me distrair na internet, no facebook, ficar a par das novidades. Deparei-me com a famigerada polêmica sobre a cantora Rita Lee, de quem sou fã.
Razões a parte. Fiquei lembrando da cena de Capitães de Areia em que Pedro Bala, o moleque bandido, vai para o reformatório. Ele apanha, é humilhado, mal tratado. O castigo vai redimir sua alma indômita.
Então pensei: Como mudar alguém agredindo, humilhando e maltratando, não é o amor que salva? Ou estou enganada? Como ensinar alguém a amar transmitindo ódio?
Bom, me dirão vocês caros leitores, era década de 50, outros tempos. Será mesmo? O que realmente mudou nesses anos todos?
E, pensará você, o que isso tem haver com o caso da Rita Lee? Tudo, respondo eu. Violência gera violência. Agressão gera agressão. Desrespeito gera desrespeito. Pouco importa se foram os policias ou se foi à cantora que iniciaram a polêmica, o que ocorreu aconteceu por falta de civilidade, de respeito de ambas as partes.
Gostaria, só uma vez que a sensibilidade de Jorge ficasse restrita as páginas de seus romances, infelizmente elas continuam aí vivas e nos habitando. Até quando vamos combater violência com violência, desrespeito com desrespeito?
Encerro com as palavras amigas de Morin: “a cortesia é a face individual da civilidade, que é sua face social”. A cortesia tende a esvaziar a hostilidade potencial do outro.