domingo, 25 de abril de 2010

A FAMÍLIA.

Este quem escreveu foi o Henrique em respostas a todas as minhas postagens!

ADRIANA É CHATA E LEGAL; Adriana É CHATA ÀS VEZES AS VEZES ELA É LEGAL, MAIS ELA AS VEZES É BOA. MEU PAI; ELE É LEGAL, ELE VENCE UMA PARTIDA DE EGE OF EMPIRES, ELE TAMBÉM TIRA FOTO DE PASSARINHOS. A MINHA MÃE: ELA TRABALHA MUITO E TAMBÉM ELA CUIDA DE MIM E DO MEU PAI. O HENRIQUE ELE GOSTA DE GUERRA E DE TANQUES E AVIÕES.

O GAROTO SUPERLATIVO!





O mundo é indescritivelmente pouco, insuficiente nele não cabe quase nada. Para Henrique o mundo teria que ser um lugar grande para acomodar os superlativos de sua existência.
Quando as coisas vão bem:
- Mãe, hoje foi o melhor dia da minha vida!
- Nunca me diverti tanto, sou o menino mais feliz do mundo!

Quando as coisas não ficam a contento:
-Mãe você estragou toda a minha vida!
- Nunca mais vou ser feliz, está tudo perdido!
- Eu sou O pior menino do mundo, não presto para nada!

Como o mundo é limitado geograficamente por alguns milhões de quilômetros quadrados, fico me perguntando se quando Henrique crescer ele vai caber no mundo?????

Indizível

Esta é outra crônica da minha irmã, os anos de infância foram compartilhados em Aracaju...

Inaê Elias Magno da Silva*



Não, as palavras não dizem tudo o quanto desejam. Para além de seu estreitíssimo canal transborda desmedido e inexprimível nosso oceano interior.

Lembrava-me do cine Palace, no calçadão da João Pessoa, e por um instante lamentei não haver vocábulos que pudessem dizer da pequena fada cintilante que borboleteou em mim, iluminando-me a face e o dia. Eu estava lá, onde já não há, de onde jamais saí. Tive o ímpeto de contar aos que ali não estiveram como são bons os domingos quando imersos no ar marinho da Rua da Frente; como é ser a criança que fomos naquelas tardes de fliperamas, paqueras, picolés, pracinhas.

Não é demasiado esperar que as palavras exprimam coisas que, encaixilhadas na mecânica de físicas e gramáticas, tatuam-se no ponto escuro onde somos tudo, exceto esquecimento?

São nossas aquelas tardes de chicletes, abraços e primaveras. Fadinhas nos borboleteiam porque ainda cantamos e dançamos nas poltronas do antigo cinema, esperando ansiosos o acender das luzes que nos sagrarão heróis de nós mesmos. Fomos gerados ali, entre o sol e o rio, naqueles domingos imortais, cheirando a fruta madura e horizonte.

**

A retidão das palavras desnuda de pernas lindíssimas apenas os tornozelos. Suas curvas, segredo íntimo, só vivendo para saber.

(Aos meus amigos queridos e aos domingos de nossa infância que nunca passarão.)


*A autora é paulistana e viveu em Aracaju dos 5 aos 21 anos. Atualmente mora em Brasília. É doutora em Sociologia e dedica-se ao estudo das cidades e sua relação com o imaginário, a memória e as emoções.

sábado, 24 de abril de 2010

CRôNICA DE UM AMOR VERDADEIRO

Sempre escrevo sobre meus animais quando eles morrem pelo menos os últimos... Sinhá (uma gata preta), July (uma boxer). Nunca escrevi sobre eles quando ainda estão vivos enchendo minha vida de alegria e sabedoria, sim para mim é possível aprender muito com nossos amigos de quatro patas, principalmente sobre tolerância e paciência.
Antes de apresentá-los a Ísis gostaria de fazer um parêntese explicativo. Sempre fui bicheira, desde que me entendo por gente estou cercada de bichos. Foram muitos gatos (Fofa, Sandoval, Fedora, etc.), cachorros, uma coelha, um sagüi, um periquito jandaia, 2 australianos e 3 canários do reino que vieram como dote do marido quando casei. Meu bisavô, o velho Antônio, tinha uma filosofia sobre o caráter das pessoas: quem não gosta de animais, crianças ou plantas tem algum problema. Nunca quis ser problemática, para além da normalidade problemática das pessoas, me tornei bicheira, criançeira e planteira. Hoje em casa tenho os 3, por precaução.
Ìsis nasceu mais ou menos 3 ou 4 dias depois que Sinhá morreu, ela foi atropelada em frente de casa, era Abril de 2001. Fiquei tão infeliz com a morte repentina de Sinhá que pela primeira vez na vida não queria ter bichos, achava que estava no meu limite para perdas. Duas semanas depois deste acontecimento uma amiga ligou oferecendo um filhote de gato, ela estava consternada com a minha dor. Titubeie, mas fui ao encontro de minha nova “filhinha”.
Ísis tem hoje 9 anos e nós temos uma relação de amor e adoração muito intensos ela é meu “chicletinho” e minha filha menina, já que tenho um filho menino que nasceu 1 ano e meio depois de sua chegada. A relação dos dois é a típica relação de irmãos: entre tapas e beijos, disputas e ciúmes, principalmente do meu colo.
Não sei como vou reagir quando Ísis for para o céu dos gatinhos, não gosto de pensar na morte, apesar da sua inevitabilidade. Antes que aconteça, e eu preste mais uma homenagem póstuma, quero fazer o que acredito ser o correto: declarar meu amor aos outros, pessoas, bichos quando ainda estão vivos!

Março/2010.