Para além de um lema de campanha
essa frase se tornou um desejo incontestável para muitos brasileiros. Desde o golpe
sofrido pela ex presidenta Dilma Roussef em 2015 e a desastrosa eleição de uma
das figuras mais nefasta da política nacional para a presidência desta nação,
nós brasileiros perdemos alguma coisa; perdemos a esperança, aquela que
tilintava em nossos corações desde meados da década de 80 com o movimento das
Diretas Já e da redemocratização; perdemos um apreço pelo país que em tão pouco
tempo retrocedeu em vitórias democráticas duramente conquistadas ; perdemos a
fé uns nos outros, olhamos de lado e descobrimos que conhecidos, vizinhos,
parentes, pessoas de nosso convívio diário eram seres amargurados,
preconceituosos, rancorosos com os avanços e direcionamentos democráticos,
perdemos o rumo e por fim, perdemos o brilho nos olhos.
É claro que esse desabafo é meu,
mas sei que não é solitário.
No último mês, no entanto, algo
mudou, alguma coisa começou a soprar fora da ordem, desta normatização
reacionária, autoritária, quase fascista que tomou conta do mundo e do Brasil
nos últimos anos, um sopro manso vindo de pessoas idealistas que lutam
independente da maré e que foi ganhando fôlego, adesão e que começou a inflar
corações amortecidos pela dor, pelo horror, pelo descaso e, aos poucos, se
tornou uma ventania, destas disposta a varrer e a limpar o medo e a apatia
presente em milhares de brasileiros. E essa ventania tem nome, sigla, número,
endereço, é a chapa Boulos e Erundina do Psol para a prefeitura da cidade de
São Paulo.
Que sopro é esse capaz de levar
para o segundo turno da maior cidade do país um candidato pouco conhecido e
oriundo de um movimento social marginalizado em nosso sociedade como o MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)? Um jovem idealista da classe média cuja
trajetória de vida é um exemplo de vocação militante, aquela estudada e
conceituada pelo sociólogo Max Weber. Quem é esse rapaz de grande eloquência,
carisma e sensibilidade social aguçada que preteriu o conforto e privilégio de
classes mais abastadas para se entregar de corpo e alma a uma vida em prol de
causas sociais? Guilherme Boulos é, sem dúvida, um ser humano diferenciado,
assim como foram outras pessoas com essa vocação militante seja para a política,
como Che Guevara ou para o sacerdócio, como S. Francisco de Assis; faz parte de
um Hall de criaturas que compram para si a missão de mudar o mundo, de fazer
dele o lugar ideal que elas imaginam ser possível, sei bem como é isso, sou
filha de dois desses seres humanos.
Mas esse sopro não vem de uma só
garganta, vem de mais uma, a de uma Senhora idealista (isso mesmo com S
maiúsculo) que está a muitos anos fazendo política para também tentar mudar o
mundo. Luiza Erundina dispensa apresentações, mas pede reconhecimento. No auge
dos seu 85 anos, com uma vida pública na política a altura de figuras como Prestes,
Lula, Leonel Brizola e tantos outros, é hoje um dos quadros mais sólidos e
reverenciado da ala progressista deste país, e está fazendo a diferença nessa
campanha; não só por sua experiência e trajetória, mas porque ela inspira,
ilumina e não deixa desanimar os corações militantes. É um exemplo.
Bom, mas porque meu voto? Poderia
aqui desfiar um rosário de tom racional sobre como o projeto político da chapa
é qualitativamente melhor que o de seu oponente tanto por contemplar uma visão
mais igualitária da vida quanto por não se curvar ao modelo econômico
neoliberal tão devastador. Mas meu voto não está baseado apenas numa
perspectiva objetiva de qual é a melhor proposta de governo para a cidade de
São Paulo. Meu voto está diretamente ligado ao lema da campanha: A esperança vai vencer o ódio, está ligado
a possibilidade de ter novamente aquele brilho nos olhos que herdei dos meus
pais militantes que me ensinaram que sim, é possível construir um mundo mais
justo e melhor; está ligado a coragem; a possibilidade de mudança; ao desejo de
ser feliz novamente. E esse, sei, não é um sentimento isolado meu é, também, o
de milhares de brasileiros fartos do marasmo e da apatia que nos inundou nesses
últimos anos tão sombrios.
Independentemente do resultado
das urnas, Guilherme Boulos e Luiza Erundina já são vencedores e não estão
triunfando sozinhos, estão carregando milhares de brasileiros com eles, gente
de todos os cantos desse país: do sul, do sudeste, do norte, do centro-oeste e
do nordeste, pessoas, assim como eu, que voltaram a ter esperança, que
recuperaram a garra, a vontade de lutar por um país melhor, mais igualitário,
respeitoso, plural e, principalmente, democrático.
Domingo, a esperança vai vencer o
ódio, o medo e eu vou votar 50 para voltar a ser feliz!
Parabéns pelo seu depoimento.a esperança yem que vencer o ódio e vamos com essa esperança voltar a sorrir e acreditar que nós podemos sim. Nos meus 74 anos nunca deixei de acreditar e lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. Os rotulos não me assustam nem intimidam. Socialista? Comunista? Que importa? Mas a luta continua e temos que acreditar e não nos intimidar.
ResponderExcluirLindo depoimento.
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