“Não há uma única coisa que não seja verdade. Tudo é verdade”.
(Hemingway)
Deveria estar escrevendo a tese. Verbo conjugado no tempo correto. Mas a cabeça tem outras necessidades, ou é o coração?
Cabeça de escritor é um lugar admirável! É plena e muito movimentada. Gostaria de poder escrever com precisão e detalhes todas as coisas que habitam minha cabeça. Não consigo escrever nem um quinto delas.
Agora estou lendo um livro ficcional sobre a vida de Hemingway. Ganhei o livro. Nunca o teria comprado. Acho pretensioso escrever ficção sobre fatos verídicos. Estou surpresa, estou gostando!
Tenho uma estranha teoria sobre a literatura. Não espero que todos compartilhem da mesma opinião. A literatura deve subverter a realidade. Minha alma é subversiva, a literatura é subversiva, os pensamentos são subversivos! Bom, poderiam ser.
O que gosto no livro é a possibilidade de escrever sobre a vida, real ou imaginária, a partir da inspiração de uma pessoa. Porque escrever é imaginar. O real é uma grande construção imaginativa, são fragmentos das idéias, das emoções, da ambição dos escritores.
Deve ser por isso que escrever a tese é tão difícil, enfadonho às vezes. Porque a ciência se pressupõe edificadora da verdade. Da verdade verdadeira, se é que existe uma. Mas ela não é. É fruto da imaginação, das idéias, emoções e ambições dos cientistas. Ela é uma ficção arrogante porque se pretende colada ao real.
E a moral da história? Vou incluir na minha biblioteca livros que sejam interpretações pessoais de fatos reais. Afinal de contas quais livros não o são? Os científicos? Os relatos jornalísticos? Como disse Hemingway: Tudo é verdade. Não há uma única coisa que não seja verdade.
SP, Nov. 2011.
PS: O Nome do livro é Casados com Paris de Paula Mclain.